domingo, 2 de novembro de 2008

Lápis azul

LÁPIS AZUL PSEUDÓNIMO DE CENSURA?!

O acaso levou-nos a rebuscar algumas recordações no estilo “Voz do Além” e que tem dado algumas notas bem interessantes.
Já foi dito na imprensa nacional que Salazar negou a Censura do seu tempo e Caetano mudou-lhe o nome…
De facto, de anúncio obrigatório na capa dos jornais, ao “Visado pela Censura” trocaram-no por “Exame prévio”, cujo significado é tão igual que ninguém dá pela razão da troca, tal a semelhança e o efeito.
Ora, a que propósito vem esta lembrança negra?
Os militares, no período de Junho de1926, com a Ditadura Militar de Gomes da Costa, devido ao golpe do 28 de Maio, em Braga, lembrou-se de lançar “Censura prévia” à imprensa – e não só – a partir de 24 de Junho, mesmo que não destinada a “domesticar” os jornalistas. Logo seguir, pelos vistos, passa a obrigatório ostentar a informação, “Visado pela comissão de Censura”.
Segundo nos parece, a medida e com muitas razões, fez estremecer os visados, embora fosse urgente disciplinar esta gente, porque o País começava a passar por crivos difíceis e a colmatar abusos anteriores, sendo lançada a culpa para os jornais que, sem pudor e graças aos vícios de uns tantos, nunca se calaram: ou tudo bem! Ou tudo mal? Todavia, aos presumíveis causadores da situação, dos políticos desse passado, a vida era complicada e difícil, sem remissão para quem prevaricava.
Hoje a situação, periclitante, lançou a confusão entre todos os cidadãos e não tarda, poderá chegar outro estilo de censura, isto é, será fácil trocar o lápis azul se os atrevidos mantiverem certos abusos que nem a todos convém. Repare-se que os efeitos do “Exame prévio”, a “rolha” entrou em vigor logo após a reviravolta e voltou a entrar em todas: literatura, cinema, teatro, jornais e todo o tipo de clandestinos, porque a partir da Constituição de 1933, de 24 de Junho de 1926, “vai aprimorando o tal regime ditatorial”. E a lista das palavras chave atormentaram a “Comissão de Censura”, os tais coronéis..
Recomenda-se aos mais ousados ou atrevidos que um dia poderá vir o “Exame Prévio” e lá se vai a liberdade, a democracia, com numerosos mártires.
Artur L. Costa

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