segunda-feira, 26 de maio de 2008

Faleceu o Gil, Caboverdiano, há anos em Esposende

No passado dia 21 de Maio/08, pelas 02H25, os Bombeiros Voluntários de Esposende receberam um pedido de socorro: corpo inanimado encontrado na berma da estrada entre a Solidal e o super mercado Modelo.

Desconhecendo-se as causas do que aparentava tratar-se de acidente de viação, o corpo foi transportado para o Hospital de Esposende, enquanto a ocorrência era comunicada ao Posto da GNR local, conhecendo-se, então a identidade: Gil Tavares, 54 anos de idade, natural de Cabo Verde, sem profissão, esteve largos anos ao cuidado da Família Barreira, desta cidade.

O Gil, cerca de 1972/73, chegou a Esposende num grupo de jovens caboverdianos com a intenção de encontrar, em Portugal, uma vida melhor e, foi o Restaurante de Ofir que acolheu este e outros naturais da nossa antiga colónia africana, onde foi tratado, recebendo alguns conhecimentos e trabalho segundo sua capacidade, chegou a barman, deu um bom profissional.

A vida, todavia, não o bafejou como gostaria, valendo-lhe a família Barreira, desta cidade. Contudo, andou sem trabalho até que foi encontrado inanimado na berma da estrada, conduzido para o Hospital de Esposende, posteriormente, a Viana do Castelo para autópsia. Em Esposende, apesar de todos os infortúnios e azares na vida, durante os dois últimos anos, teve exéquias de cristão, esmerando o Pároco, P.e Delfim Fernandes, que lamentou o infortúnio deste africano, figura já popular na cidade, tendo-lhe valido a família esposendense e as preces do Senhor Reitor de Esposende, que encomendou esta alma a Deus Nosso Senhor.

Artur L. Costa

domingo, 25 de maio de 2008

HOMENAGEM A Dr. AGOSTINHO REIS

Abre 4ª edição de Fórum da Educação, em Esposende

Por : Artur L. Costa

Teve início, conforme anunciado, a 4ª edição do Forum Educação/08, nas instalações da Casa da Juventude, Esposende e que se vai prolongar até ao dia 7 de Junho próximo, com um vasto programa e de temas sobre Educação.

Coube à Vereadora da Cultura, Dr.ª Emília Vilarinho, que assumiu a orientação dos trabalhos, tendo justificado a ausência de João Cepa e do Dr. Couto dos Santos, respectivamente, Presidente da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal. E, conforme programa previsto, deu-se início à alocução sobre a vida e a obra o Dr. Agostinho da Rua Reis, o último Director do Externato Infante de Sagres, sendo fundadores: Prof. Álvaro Abreu Almeida Carvalhal e o Dr. Mário Tavarela Lobo, que foi Notário de Esposende, com o Dr. Antero Reis Gomes.

Nesta primeira parte da sessão de abertura, o Prof. Joaquim Peixoto, que foi aluno externo do Colégio Infante de Sagres e, do qual não se poderá dissociar o Dr. Alceu Maria Vinha dos Santos enquanto seu protector, esclareceu que, em representação de antigos alunos, organizou a homenagem, tendo de encetar vários contactos e reuniões para o efeito, com o apoio da autarquia e da Câmara Municipal de Esposende.

O Dr. Agostinho da Rua Reis, consta no seu vasto currículo, chegou a Esposende acompanhado de Luís Fernandes Figueiredo e de José Rodrigues Fernandes, com a intenção de estudar a situação do Colégio Infante de Sagres, depois do falecimento de Álvaro Carvalhal, em 16 de Agosto de 1950. Era intenção, segundo se apurou, adquirir o Colégios, porque as condições eram as mais indicadas e favoráveis para se dar uma outra dinâmica ao Ensino em Esposende. É por isso que, em 20 de Agosto de 1952, depois de ter adquirido todas as acções, assume a propriedade da sociedade proprietária do Colégio, autorizada por despacho de 5 de Setembro de 1952, com transferência para o Largo Tomás de Miranda evido à precaridade das instalações Casa do Arco, com lotação para 77 alunos, estatuto de Ensino Particular, com frequência do segundo ciclo dos Liceus; por despacho ministerial de 28 de Maio de 1953, o Dr. Agostinho da Rua Reis “foi autorizado a exercer as funções de Director, por substituição da Dr.ª Mariberta Carvalhal Garcia.

A partir desta “operação”, tudo se alterou no Ensino no Concelho de Esposende, foi sempre a crescer pois o proprietário e fundadores da Sociedade Carvalhal e Tavarela Ldª, com sede na rua 15 de Agosto, mudou de mãos definitivamente e, todos os adjectivos do léxico português seriam, então, incapazes de identificar e qualificar o Dr. Agostinho da Rua Reis. No entanto, esta homenagem decorreu à medida da organização com palavras já gastas do uso e, bem assim as que foram dirigidas à esposa do homenageado. Estamos pois, á vontade, para dar a conhecer,(em oportunidade próxima) mais profundamente o casal e, também, o Homem, O Professor e o Amigo de longa data, sem esquecer o episódio, que o tempo nunca mais apagará, quando o Dr. Reis, empunhando uma palmatória novinha, luzidia e brilhante por falta de uso, de bom eucalipto maciço, “acalentou” as mãos jovens de meninas e de turma e de matolões inocentes. Santo Deus! Escapou um deles… Foi o bastante para se conseguirem resultados e o bom nome do Colégio Infante de Sagres, de Esposende.

Seguiu-se, conforme o previsto, a apresentação do Forum Educação, em 4ª edição, com um vasto programa que terá continuidade até 7 de Junho próximo e cuja divulgação já fora dado conhecer ao público, através dos vários meios de comunicação e que, vieram a ser distribuídos em profusão. Contudo, a Vereadora Drª Emília Vilarinho responsável pelo programa, através de projecções, deu um rápida visão do que vai acontecer neste período de tempo. A chuva, entretanto, empalideceu o ambiente e os céus, o que dificultava a última parte da programação: junto á Escola Secundária, que o Estado mandou construir para o Concelho de Esposende, era o descerramento do bloco e a placa com os dizeres: Praceta Dr. Agostinho da Rua Reis. A comoção do homenageado foi grande, mas viu à sua volta os amigos de sempre que aguentaram firmes, o final da cerimónia.

terça-feira, 20 de maio de 2008

PORTO DE PESCA DE ESPOSENDE : PROMESSA CENTENÁRIA DOS POLÍTICOS


Incentivar parcerias com os concelhos do Cávado – Esposende, Barcelos e Braga

O Clube Rotário de Esposende, em reunião festiva no Hotel Nélia a 16 de Maio/2008 debateu a inesquecível promessa de melhorias na barra do rio Cávado, e a conclusão, é : sem o canal para trânsito de embarcações de 12 metros, com a necessária segurança, a classe piscatória, em breve desaparece, como já o foi, na construção naval. O assoreamento do rio é a realidade.

Numa antevisão do texto sobre a palestra do Eng.º Oliveira Martins, “a vedeta” da noite, depois de ser informado sobre o anunciado programa Polis, de 90 milhões de euros, para requalificação da frente marítima entre Apúlia(Esposende), restinga de Ofir, S. Bartolomeu, até Caminha, , que o terá surpreendido, respondeu-nos: “Saí do Governo em 1991, depois de ter passado por funções de muita responsabilidade em várias matérias relacionadas com obras púiblicas e portos, entre outras, das quais guardo, de Esposende, um conjunto de peças e gráficos sobre esta obra; aliás, foram dois mandatos no Governo. Desconheço o que se passa, mas a certeza é : não se deve deixar de insistir e de pressionar sobre as obras. Todavia, diria ainda: “é de ter em atenção que o local onde existe boa qualidade de peixe em quantidade, leva a dizer: sim ou não, alterar este meio, onde abunda o peixe” !

A reunião seguiu as tradicionais cerimónias e, depois da apresentação do palestrante, João Maria de Oliveira Martins, Eng.º de obras públicas e Comunicações, citou datas sobre os últimos acontecimentos e contactos, referiu o Eng.º Sá e Cunha, quando no Conselho da Revolução e da tentativa de mudar o rumo ao destino de Esposende e consequente melhoria das condições do trânsito na barra do Cávado, por alturas de Julho de 2006; conclui-se pela reconstituição da restinga, sem riscos devido ao assoreamento e o seu desaparecimento, situação que prejudica, grandemente, o viveiro do melhor peixe do nosso mar. Aliás, é sabido, no Foral de Vila para Esposende, D. Sebastião, em 1572, sabia que o Mar seria o seu futuro.

O palestrante, sobre o estado do rio Cávado, assegurou que é desconhecida a força que rasgou a barra tão longe de Esposende. É que D. Maria II escolheu o Engº Custódio Vilas Boas, técnico competente para encanar o rio para permitir o trânsito de embarcações até ao mar, que as invasões francesas, entretanto, abortaram, com o brutal assassinato deste técnico e oficial de Engenharia. Mas, por 1899, o Engº Loureiro, que era da nossa região, foi encarregado da obra, relatório, disse, “está na minha posse. Mas foi de encontro às indicações do Eng. Manuel Barros, com resultados, disse, a serem condizentes. De resto, nenhuma obra se fez com o Cais Bilhano, recorda o naufrágio de Outubro de 1888 e de morte brutal de 24 pescadores dos 25 a bordo. A Rainha, depois de saber da miséria dessas famílias, interrompeu a campanha às vítimas do grande incêndio do Teatro Baquet, do Porto, porque a situação de Esposende era muito mais grave. Este episódio mereceu um poema de João do Minho. João Amândio transformou em homenagem póstuma, como monumento.

Passados 16 anos, depois desta toada de passos dados sem obra feita com segurança pois, bastaria o canal de 30 metros pelo mar dentro, para facilitar a navegação, isto por volta de 1985, porque na função de Secretário de Estado, com o IV Plano de fomento, de que foi autor o Dr. Mota Campos, a revolução dos cravos, em 25 de Abril de 1974 abortou o projecto e lá se foi mais esta oportunidade. Porém, em 1989/91, a sul, o estudo do actual molhe, em fundos arenosos, teria de ser construído; porém, passados 16 anos, na Casa do Arco, o Professor Gaspar deu conta da solução. Tudo por fazer, os pescadores, em fase de extinção, devem manter a luta. VAMOS POIS A ISSO!

No momento do presidente, Adelino Marques, homenageou os pescadores do Concelho de Esposende nas pessoas de Augusto Silva e André Cardoso, “os seguidores dos ideais de D. Sebastião ditadas no Foral de Esposende”, com entrega de medalhas de Mérito, enquanto o Engº Oliveira Martins recebeu o Medalhão do Clube Rotário.

Porque o ano de mandato está prestes a encerrar, o presidente Adelino Marque entregou a medalha do Clube aos associados companheiros : Losa Capitão, Jorge Pereira e à Dr.ª Susana, pelos serviços prestados.

A concluir, sabe-se que passam pela barra do Cávado 4.200 embarcações, mas não permite o trânsito de embarcações de 12 metros. Presentes à reunião, representantes dos Clube de Esposende, Braga e Barcelos e entidades que habitualmente acompanham as actividades do Clube Rotário.

Artur L. Costa, Esposende

colaboração com o "FALCÃO DO MINHO"

quarta-feira, 14 de maio de 2008

REQUALIFICAÇÃO DAS PRAIAS DE ESPOSENDE, DESDE APÚLIA ATÉ S. BARTOLOMEU - TORRES DE Ofir e a Restinga estão no lote das obras – 10 Milhões de euros

A notícia publicada hoje, 2008/05/14, no JN(Porto), trouxe nova viragem e reforçada promessa de requalificação do nosso litoral, desde Apúlia (Cedovém e Pedrinhas), até S. Bartolomeu, além da restinga, motivo de desespero e ansiedade de autarcas e pescadores.

Os custos desta importante obra de recuperação do nosso litoral, deixando em sossego as torres, atingem os 90 milhões de euros, embora o arranque anunciado seja para Setembro próximo(?) E, segundo a notícia, a restinga, dita de Ofir, é a barra do Cávado, com influência, julga-se, nas praias de Apúlia.

Face à recente notícia do Jornal de Notícias, o “arturlopescosta.Blogspot.com” recentemente editado, fica em fase de expectativa, até que se iniciem as obras programadas, pois as promessas feitas em Maio de 2000, já tiveram um longo e demasiado compasso de espera, de oito anos.

Seja levado em conta, “além da valorização de praias e frentes ribeirinhas, o programa contempla a requalificação do património (como fortes e torres de vigia), assim como de núcleos urbanos tradicionalmente ligados à pesca”.

Artur L. Costa, Esposende

sábado, 10 de maio de 2008

OBRAS NA BARRA DE ESPOSENDE...

OBRAS NA BARRA DE ESPOSENDE AINDA ESTE ANO (2000)
Por: Artur L. Costa
NOTICIA BOMBÁSTICA ANUNCIADA EM 30 DE ABRIL DE 2000, EM “voz de marinhas”
PERANTE AUTARCAS, GOVERNADOR CIVIL DE BRAGA, PESCADORES E PERANTE O POVO QUE OS TERÁ ACLAMADO…

PASSADOS QUATRO ANOS DEU ENTRADA NA SEDE DA ÁREA DE PAISAGEM PROTEGIDA DE ESPOSENDE TRÊS ESTUDOS ALTERNATIVOS PARA INÍCIO DAS OBRAS, CONFORME NOTICIA PUBLICADA EM “JORNAL DE ESPOSENDE” SEDIADO NA PÓVOA DE VARZIM.
NO ANO DA GRAÇA DE 2008, MAIO DESTE ANO, QU´É DAS OBRAS?
QUEM TEVE ESSA VELEIDADE ESTAVA EM CONDIÇÕES DE O ANUNCIAR E TINHA AUTORIDADE PARA O FAZER. Veja-se, atentamente, o ar de riso dos autarcas presentes à cerimónia.
OS POLÍTICOS SÃO UNS EXAGERADOS, NESTE CASO CONCRETO, PORQUE OITO ANOS DEPOIS, TUDO COMO DANTES: ENTÃO E AS OBRAS PROMETIDAS? Que Porto de Mar de Esposende?
Quem assume o compromisso? A gravura documenta o grande acontecimento, e os risos, proféticos são o testemunho…

quarta-feira, 7 de maio de 2008

GALAICOFOLIAS – Evento como há 2000 anos!

Por : Artur L. Costa

João Couto Cepa, presidente da Câmara Municipal de Esposende, convida os conterrâneos e os foliões, a participar no ” Galaicofolias”, evento que data de há 2000 anos.
Segundo João Cepa, esta será “ uma forma de festejar própria dos galaicos, dos esposendenses, com muita música, alegria, tradição, convívio de amigos e de famílias… ” Será pois, com “galaicofolias” tal como há 2000 anos, que decorrerá no vasto espaço junto do Castro de S. Lourenço, em Vila Chã, Esposende, este inovador evento
Há a contar, também, com música folk por artistas nacionais e internacionais, inúmeras actividades, destacando-se a célebre queimada, acompanhada de mensagem aos participantes, numa linguagem crítica e satírica, própria dessa época. Outros acontecimentos vão colher de surpresa, como se espera, os participantes e foliões, entre 31 de Julho e 3 de Agosto de 2008.
Lembra-se que foi distribuído um livro sobre o Castro de S. Lourenço, da autoria do Prof. Doutor Brochado de Almeida, onde se podem avaliar, os resultados de vários anos de escavações e de achados importantes sobre esta região; os povos que ali passaram, seus usos e costumes. Recomenda-se a sua leitura
TURISMO – Nova estrutura e actividades
Através do Dec. Lei 67/2008, de 10 de Abril findo, foram extintas as regiões de Turismo e será elaborada e publicada, até Outubro próximo, conforme anunciou o Dr. Francisco Sampaio, a nova estrutura, que vai enquadrar 84 Municípios, havendo a considerar a nova divisão, coincidente com as NUT II – Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, além dos pólos integrados nas anteriores regiões, agora extintas. Todavia, segundo informação que apuramos, em Esposende, mas divulgada em Paredes de Coura, que as actividades em calendário para 2008, vão continuar até que se definam as regras e a nova estrutura.
O Minho, com as características próprias, terá de manter as suas instalações sede de Viana do Castelo, onde se organizaram eventos de impacto, com gastronomia, prova de vinhos, deu provas da capacidades de usos e costumes bem aproveitados, de marca, percorreram o país e o estrangeiro. Que virá a acontecer, se forem divididos: litoral norte; norte interior montanhoso, de neve, entre outras características díspares? Não esquecer, ainda, o valor histórico do edifício e da guarnição militar, que albergou, com preponderância na defesa da região.
Vamos perder o trabalho desenvolvido pelo impulsionador e o criador da marca Minho, Dr. Francisco Sampaio? E as instalações, adaptadas á eficiência dos vários programas elaborados!
“Março com sabores de Mar”
Chegou o nosso conhecimento que o certame que o turismo organiza à entrada da Primavera, deu os resultados programados, obtendo-se bons resultados. É que, da amostra constituída por 347 indivíduos e seleccionados de forma aleatória: quanto ao preço e qualidade dos pratos, foi muito boa, enquanto 30,55%, que os preços foram compatíveis com a qualidade e o serviço prestado; do concurso realizado, as referências correspondem ao êxito do certame.
Polvo de Apúlia, Arroz de peixe-galo, e os escamadinhos "ÇãoFerreira", receberam o 1º, 2º e 3ºPrémios, em jogo. Vem a propósito a situação da Marginal de Apúlia, obra de muito interesse para a valorização da freguesia de reconhecido mérito quanto a folclore, gastronomia, entre outros atributos para o desenvolvimento turístico desta região e, bem assim, as praias.
Segundo notícias publicadas, confirmam que a obra de melhoramento da frente ribeirinha de Apúlia, devido a demora do despacho de outorga de “municipalização” de moradias a demolir e a integrar no domínio público o espaço para continuidade desta obra, havendo o risco de se perder a comparticipação para a sua conclusão.

terça-feira, 6 de maio de 2008

VULTOS DE ESPOSENDE

Álvaro Vilas Boas Pinheiro,

Por: Artur L. Costa

Um dos intelectuais mais activo nos primórdios do século XX, que muito contribuiu para o desenvolvimento da cultura, em Esposende, foi em nossa opinião, Álvaro Vilas Boas Pinheiro, também ele, o mais esquecido de todos os vultos do seu tempo.

- Origens do Poeta ; entre Fão e Valença

O Vulto em destaque, desta vez, é neto de fangueiro: José Francisco dos Santos, filho de Manuel Joaquim Pinheiro da Silva, também natural de Fão e 2º oficial da Alfândega de Viana do Castelo, mas “estacionado no porto de Esposende”, natural de Valença, pela mãe.

Álvaro Vilas Boas Pinheiro nasceu na rua Direita (hoje a 1º de Dezembro), aos 5 de Fevereiro de 1872, pertenceu aos Quadros da Função Pública, prestou serviços na Delegação Escolar de Esposende, dirigida pelo genro, Carlos de Oliveira Martins; casado com Maria das Dores da Costa Leitão Pinheiro, natural de Valença. Faleceu, em 11 de Março de 1947, quando vivia com a filha, a Prof. Maria Emília.

Um Poeta esquecido

Manuel de Boaventura, na revista que assinalou o 4º centenário do Foral de Esposende, publicada em Agosto de 1972, dedicou uma página a Álvaro Pinheiro, “Um Poeta de Esposende”, transcrevendo o melhor e mais significativo poema da sua vasta obra literária. Disse, então: “Álvaro Pinheiro deixou no seu espólio literário sete ou oito volumes de poesia, está por completo esquecido e nada o rememora, nenhum cunhal menciona o seu nome”. E mais: “A obra do Poeta é cântico perene à sua gente”. Para completar o elogio ao amigo e poeta do seu tempo, acrescentou: “Afigura-se-nos de inteira justiça raspar algumas placas de cunhal e numa delas afixar o nome deste esposendense que foi inspirado poeta e arreigado bairrista”.

- Seguidor de João de Deus

Entre 1895 e 1935, Álvaro Pinheiro publicou as seguintes obras: Sonâncias(três edições); Amores Perfeitos ; Nenúfares; Pétalas (duas edições); Longes; Sons da Montanha e Humorismos. De pétalas saiu uma terceira edição, acrescida de novas composições. Ficaram, no entanto, por se publicar: poemas Intimo e Meus Cuidados; Traços, livro de prosa, Contos e pontos; foi o autor da letra do hino a Rodrigues Sampaio, em 1906, com música de João de Freitas.

Seguidor da Escola de João de Deus, viveu intensamente o período do romantismo, muito em voga entre o século XVIII e XIX por influência da escola de França, com Lamartine e Victor Hugo, enquanto em Portugal, Garret, Herculano e Camilo foram os grandes impulsionadores deste estilo literário e artístico. Aliás, na opinião de Manuel de Boaventura, Álvaro Pinheiro “foi único poeta lírico do nosso concelho”. Era todo “punhos de renda, segundo a época. Usou o pseudónimo “João do Minho”. Os seus livros estão esgotados.”

- Poeta lírico e de estilo romântico

Dispomos, por deferência da Biblioteca Municipal de Barcelos, extractos de duas obras: Humorismos, publicado em 1935; Sons da Montanha, publicado em 1921, sobre Santa Luzia e a cidade de Viana do Castelo, alguns poemas de “Amores Perfeitos” com dedicatória do autor a seus pais e a João de Deus, o seu poeta. Será oportuno esclarecer que tais obras depositadas na Biblioteca Municipal de Barcelos, foram oferecidas à Escola Primária Superior de Barcelos que, por sua vez, faz doação à Biblioteca. José da Silva Vieira ofereceu “Pétalas” à referida Escola, depois da sua publicação.

Para se fazer uma ideia do estilo literário de Álvaro Pinheiro, uma das três filhas, a Celeste, em 20 de Outubro de 1907, numa festa da escola primária, declamou alguns dos seu poemas, de que transcrevemos:

Para valer à pobreza,

Nem só de pão há a esmola…

Há o saber – que é riqueza;

Ide crianças, à Escola.

Ainda, de Manuel de Boaventura, citamos : Álvaro Pinheiro, distinto e admirado poeta, nado e criado na virgiliánia Ribeira Cávado, acalentado e inspirado pelas Celânides que logo ao nascer o bafejaram de talento, vai esta mostra do seu estro e da sua ternura pela Família:

No meu jardim há três rosas

Cheias de graça e frescor

Lindas, singelas, mimosas

Cuidadas com todo o amor.

Ando sempre a venerá-las,

Com receio de perdê-las,

E horas e horas a olhá-las

Nunca me canso de vê-las.

Deus as preserve do mal

No seu modesto canteiro,

Que as rosas do meu rosal

São filhas do jardineiro.

Álvaro Pinheiro, esposendense por nascimento (de certidão passada), era figura muito popular, tendo colaborado em “O Novo Cávado”, em 1919 e no “Esposendense” entre outros jornais e revistas, dedicou muito do seu ideário à terra onde criou e floresceu a família. Colaborou intensamente na imprensa regional e nacional e as suas obras, desde longa data esgotadas, não mereceram algum nova edição. Como disse Manuel de Boaventura: “para se rememorar entre os conterrâneos”.

Também o escritor e jornalista portuense, Júlio de Lemos, dedicou alguns textos em memória de Álvaro Pinheiro, afinal, companheiros de lutas e de canseiras, com muita dedicação à literatura. Depois da morte de José da silva Vieira, na homenagem prestada pelos amigos e companheiros nas letras, coube a Álvaro Pinheiro “desvendar” os simpáticos atropelos dos seus correligionários progressistas locais, para se apropriarem do seu “Esposendense”, e a razão que deu origem ao célebre prelo de madeira, (ver biografia de S. Vieira). Este episódio, espera-se, um dia será publicado na integra, para se chamar à atenção de que no século XX – Dezembro de 1994 – houve quem se aventurasse à apropriação de um jornal local (Jornal de Esposende), depois discutida a sua propriedade no Tribunal Judicial. Nunca alguém terá imaginado a audácia e o despótico gesto por quem tinha obrigação de respeitar a propriedade de um bem que era para todos os esposendenses. Foi vendido na Póvoa de Varzim.

MOINHOS E AZENHAS DE Esposende

A CASA ou o PRAZO DO REGO

Por, Artur L. Costa

A inventariação dos engenhos de moer grão, movidos a água ou por sistema eólico no Concelho de Esposende, em especial na sede, situados em terrenos da Casa ou Prazo do Rego, a nascente da Igreja Matriz e a Fonte, foi património do Eng.º Custódio José Vilas Boas.

A inventariação dos engenhos de moer o pão, pisar o linho, através da força da água ou dos ventos, foi um trabalho exaustivo e de busca meticulosa através dos tempos e dispersos pelo concelho; forneceu por isso um curioso resultado: 33 moinhos de vento e 16 de água, datados de entre o século XVIII a XIX, assinalados em cartas militares consultadas.

Os elementos ora divulgados, vieram a ser encontrados em “carta manuscrita e desenhada sobre tela do século XIX que assinala, com precisão e por cada uma das freguesias de Esposende”, a localização destes pitorescos engenhos que foram, em seu tempo, autênticas fábricas de moer o grão, base do sustento da nossa gente.

Embora o trabalho, com mérito e de muito interesse para a história do concelho de Esposende, demonstre a actividade rural e o seu contributo para a economia local, “na sede do concelho não se encontrou referência algum sobre os moinhos ou de azenhas…”, disse o Dr. José Costa, autor da inventariação. Contudo, sabemos da existência da azenha movida a água, de João da Obra (João Gonçalves da Silva, oriundo de Alvelos, Barcelos), alimentada pela levada da Gatanheira, situada em terrenos que foram da Casa do Rego ou Prazo e propriedade do Eng.º José Custódio de Vilas Boas, depois transmitidas para um cunhado, o Cónego José Valério Veloso.

Outro engenho, segundo a inventariação de que mais velhos se recordam, um modelo de moinho de vento que figurou no hotel Suave Mar, montado na cúpula do Forno da Cal, aí existente, depois de adaptado para base da sua localização. Não passou de efémero objecto de interesse e de promoção turística e que sucessivas obras de ampliação desta unidade hoteleira fez desaparecer para local desconhecido.

Será de recordar que a propriedade Prazo do Rego, mais tarde conhecido por “Campo do Rego” situada a nascente da Fonte de junto à Matriz, tem a sua história e o seu desaparecimento, depois das invasões francesas entre 1806 a 1809, em resultado das quais, foi assassinado o Engº José Custódio Vilas Boas, de que resultou a interrupção da construção do porto de mar de Esposende e a consequente canalização do rio Cávado. Entretanto, a propriedade foi arrasada, (depois incendiada pela população, sob a suspeita de colaborar com as forças invasores, os jacobinos, perdendo-se todos os haveres do proprietário. Aquela área de terreno de cultivo, entretanto, entrou na posse da Casa de Bragança, foi posteriormente vendido aos actuais proprietários, entre eles: Álvaro de Barros Ferreira e os herdeiros de João da Obra, além do Quartel dos Bombeiros Voluntários, entre outras construções de habitação e lojas.

Ali se realizaram desfolhadas, em que os mais jovens, com tocatas da época, em especial, guitarras, violam, cavaquinhos, bandolim, ferrinhos e os tradicionais bombos, muito em voga nas festas e romarias. O mote, em regra, era apanhar a espiga vermelha que dava direito a uma rodada de beijos nas moças ali presentes. Também a merenda oferecida pelo dono da desfolhada, que eram um manjar de apetecer: sardinha assada, boas fêveras, broa acabada de cozer, além do verde tinto, sempre do melhor.

Esta a parte rural da Vila de Esposende, mesmo próximo do centro histórico, na eira de Joaquim da Obra.

Artur L. Costa

NOTA: sobre o tema, Casa do Rego e o Eng.º Custódio José Vilas Boas, foi publicado um livro da autoria do Dr. Bernardino Amândio.

Da história Trágico-martima de Esposende

Da história Trágico-martima de Esposende

NAUFRÁGIO DE 18 DE Outubro de 1888: Morte de 24 tripulantes pescadores de Esposende

De, Álvaro Pinheiro, o “João do Minho”

Tarde mui serena. Os confins do Poente

Ofuscam uma luz, uma fornalha ardente.

E o sol, num baço foco d centelha,

Vai dando às águas uma cor vermelha.

Está sereno o mar. O espaço reverbera

Em breve, surgir medonha atmosfera.

Grossas nuvens, nuvens d’ água e ventanias

Cingem o dorso escuro , e fugidias,

Vão-se aglomerando em forma hórrida

Como alta e escarpada serra erguida.

O Mar ulula: e sinais de gran procela

Vão cobrindo a tez à lua pálida

Coberta por um véu de cor esquálida.

Ao longe zurze a onda rancorosa…

Que faz prever uma noite tenebrosa:

O trovão surdino estruge no ocidente.

As águas vão tomando fúria ingente.

E os leões do mar, os pescadores,

que conquistam os mares de fronte erguida,

a quem o peito se trespassou de dores

vendo morrer as forças, exaurir a vida,

levantam coro e oram ao Altíssimo,

para que os livre das garras do oceano,

desse monstro, desse antro de leão harcano

do abismo de Neptuno fecundíssimo.

Mas… o sol deixou há muito de brilhar.

Agora só se ouve o vagalhão do mar!

Surge o tufão quase inesperadamente

Que horroriza o coração d’ daquela gente.

E em redemoinho o férvido escarcéu

Os pescadores depressa surpreendeu…

Enfurece as águas Neptuninas

Como o rancor de feras viperinas…

E o batel em breve tempo mergulhou…

Naquele abismo, já tudo se afundou!

E d’ este grande naufrágio

De muitos espinhos, horrores, entre martírios e dores,

Apenas um sobreviveu:

Dos vinte e cinco infelizes,

D’ entre destroços, escarcéus,

Salvou-se um só: santo Deus !

À morte um só fugiu, venceu !...

E então, depois de consumado o drama,

Que horrível noite… Que triste panorama!...

Mas a caridade, o popular arcanjo

Desdobra o seu manto. E o santo anjo,

Socorre a viuvez e a Orfandade !...

Seja bendito o anjo da Caridade !...

Salvé ! Salvé ! Protector da Humanidade.

Recitado por Piedade Enes da Silva, na revista dedicada e de apoio a obras da Igreja Matriz, Esposende. Recolha de Artur L. Costa

LAMPREIA DO CÁVADO – PETISCO DA GASTRONOMIA MINHOTA Por : Artur L. Costa

LAMPREIA DO CÁVADO – PETISCO DA GASTRONOMIA MINHOTA

Por : Artur L. Costa

Há muita gente que desconhece como é que lhe aparece no prato o melhor petisco da beira -mar: a lampreia, um ciclóstomo, “é o mais primitivo e rudimentar habitante da fauna fluvial” e que os sábios não enxergam, ao certo, da sua proveniência.

Este e outros pormenores foram discutidos em palestras integradas na “Artes de Espera”, exposição organizada no Museu Municipal entre 23 Março e 15 de Abril de 2001. Mas, a vedeta da exposição foi, sem dúvida, a foto que documenta este texto.

Sobre o tema, muito haveria de contar pois, na campanha de Mestre Vilela, na noite em Fevereiro de \1972, a que tivemos oportunidade de assistir, muito foi visto e comentado, a fim de desvendarmos, de facto, como aparece tão guloso manjar à mesa de cada apreciador. Resumindo: a estacada que se observa junto à ponte de Fão, a partir de Dezembro e até 31 de Maio de cada ano, é constituída por 600 estacas bem batidas e afixadas no leito do rio, para segurar uma rede ou tresmalho que fecha o curso do rio. Esta simples armação tem forma angular, cujo vértice ou “fojo”, onde se pendura o lampião (a coto de vela) fica voltado para montante, e aguentar bem a força das enxurradas ou as maresias. Fechado o curso do rio, será difícil a fuga de qualquer exemplar que apareça a embater na rede, em regra, que se desloca rio acima, no sentido inverso da foz, isto é, no decorrer da baixa-mar

A função do “artilheiro”, confiado ao Zé d’ Amélia, é manobrar o galheiro ou o bicheiro de forma a “caçar” o exemplar embatido na rede. Assim foi: ao primeiro exemplar, já madrugada, lançado o bicheiro, sem falhas na pontaria, o “bicho” lá ficou a estrebuchar no fundo a embarcação. Nestes casos, os pescadores são muito crentes e respeitosos, saudaram o acontecimento”:”Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”. Outros se seguiram a ritmo acelerado e só terminou com “a ponta d água”, isto é, quando se inicia novo fluxo de marés.

De manhã, ao romper da aurora, a embarcação levou a safra da noite até à margem, onde esperavam, ansiosas, as vendedeiras, já cheias de pedidos para vários destinos a partir de Fão. A contabilidade era fácil de se fazer: apenas 41 exemplares, arrematados às revendedeiras, por 70 escudos cada exemplar.

A concluir, esclarece-se, há várias outras formas de apanhar a lampreia, seja ela onde, for. Contudo, no rio Cávado, além da estacada há as seguintes: no cimo do paredão, com galhetas, bicheiros, fisgas; ou tresmalho a varrer o rio; outros usos e costumes, em especial, as pesqueiras do rio Minho e adjacentes. Para ser cozinhada, recomenda-se: com arroz, à bordalesa; quando tratada, pode ser utilizada em “cozido à portuguesa”, “empadão”, entre vários outros de acordo com a imaginação do “artista”.

A manter-se a erosão da restinga, como é evidente, poderá influenciar as entradas da lampreia, muito embora se julgue que a água quente e doce do rio consiga atraí-las, sobretudo, para a desova. As regras de antigamente, nem vale a pena recordar, porque foram totalmente remodeladas.