domingo, 18 de outubro de 2009

MOINHOS E AZENHAS DE ESPOSENDE

MOINHOS E AZENHAS DE ESPOSENDE

A inventariação dos engenhos de moer grão (cereal), a água ou por outro sistema natural (eólico) no concelho de Esposende, em especial na sede, situados em terrenos a nascente do fontanário público e próximo, na actualidade, da igreja matriz, foi património do Eng.º Custódio José Vilas Boas.
A inventariação dos engenhos de moer o pão, pisar o linho através da força da água – julga-se que esta água nascia da levada da Gatanheira, a passar a descoberto nas traseiras da antiga Pensão restaurante do Garcia e a desaguar junto ao bargueiro, por trás da capela de S. João hoje, o complexo de PENORIO, depois de atravessar a estrada para Viana, passando junto da residência Paroquial- até à Marina de Turismo, foi objecto de exaustivo trabalho de busca e de pesquisa através do concelho; forneceu, todavia, elementos preciosos sobre o passado deste património e, do seu resultado: 33 moinhos de vento e 16 a água, datados de entre os séculos XVIII a XIX, assinalados em cartas militares.
No caso de Esposende, seria interessante recordar, na eira do local da azenha do João da Obra, no período das colheitas, realizaram-se muitas brincadeiras: bailes com música da grafonola, e jogos próprios de salão, muito em voga nessa época. Mais tarde, o Quim da Obra, que gostava desse tipo de brincadeiras e, por vezes, lá aparecia o bolo de pão da última fornada a que outros acepipes se juntavam para, como hoje se diz, animar a malta. Mas, o nosso propósito, não era esta “reinação;” antes os engenhos de moer o grão, iguais àquele que veio a ser exibido a quando da abertura do Hotel Suave Mar, logo por cima do forno da cal.
Pois, os elementos, ora recolhidos e divulgados, vieram a ser encontrados em “carta manuscrita” e desenhada sobre tela do século XIX que assinala, com precisão e por cada uma das freguesias de Esposende”, a localização destes pitorescos engenhos que foram , em seu tempo, autenticas fábricas de moer o grão, base do sustento da nossa gente.
Embora o trabalho, com mérito e de muito interesse para a história do Concelho de Esposende, demonstre a actividade rural e o seu contributo para a economia local, “na sede do concelho não se encontrou qualquer referência sobre moinhos e azenhas…” esclareceu o Dr. José Manuel Costa, autor da inventariação. Contudo, sabe-se da existência da azenha de João da Obra, (João Gonçalves da Silva, oriundo de Alvelos, Barcelos) alimentada, como já citamos, pela levada da Gatanheira, situada em terrenos que foram da Casa do Rego ou Prazo e propriedade do Engº Custódio Vilas Boas, depois transmitidas para o Cónego José Valério Veloso, seu cunhado.
Outro engenho, segundo a inventariação e de que os mais velhos se recordam, um modelo de moinho de vento, já citado, depois de adaptado para a base da sua localização. Não passou, todavia de efémero objecto de adorno e de interesse promocional do turismo local e que sucessivas obras de ampliação desta unidade fez desaparecer para local desconhecido, isto é: quem sabe do seu paradeiro?
Será de recordar que a propriedade Prazo do rego, também conhecida como campo do Rego, tem a sua história e o seu desaparecimento, depois das invasões francesas entre 1806 a 1809, em resultado das quais, foi assassinado o Eng.º Custódio Vilas Boas, interrompendo-se as obras de construção do Porto de Mar de Esposende e da canalização do rio Cavado.
A propriedade veio a ser arrasada, depois de incendiada, pela suspeita de ter colaborado com os Jacobinos, perdendo-se o seu espólio e todos os haveres do proprietário.
Entretanto, esta vasta área de terreno de cultivo, entrou na posse da Casa de Bragança e, posteriormente vendida aos actuais proprietários, de Esposende.

Nota: esta crónica foi publicada em “O Vianense”, em 15 de Dezembro de 2006, sob a responsabilidade de Artur L. Costa

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