sábado, 23 de maio de 2009



CRÓNICA DE ANTIGAMENTE…
RELÓGIOS PÚBLICOS NA REFORMA

Completa este ano (1986) 42 anos de vida, o relógio da Igreja Matriz que muitos e bons serviços prestou a Esposende.
Com historia curta, mas interessante – dá um estilo de vida muito próprio da época – muito novo ainda, pediu, entretanto a baixa, beneficiando da nova modalidade da reforma e aproveitou a ocasião e lá se vai arrastando à espera de mais pacatez que a velhice precoce exige.
Começou a trabalhar na torre da Matriz, às zero horas de 25 de Dezembro de 1944 e gastaram-se, para o efeito, 5 375$50. Da subscrição pública apurou-se 5 285$50 e a “Corporação Fabriqueira” teve de entrar com 90$00 para cobrir a despesa. Todavia, alguns subscritores, mal-grado o desespero da Comissão, esqueceram-se de entregar o donativo prometido e alguém teve de aguentar com algumas centenas de escudos. Afinal, naquela época, como nos tempos decorrentes, já havia caloteiros.
O relógio custou 5 000$00 e os trabalhos complementares para a sua colocação, apenas 375$00.
Inicialmente, o dito era movido a corda, que semanalmente era dada por enorme manivela de ferro, pesada, ronceira. Depois, graças ao progresso, passou a bater as horas por efeito da electricidade. No entanto, a malvada da electricidade, a cada passo, fazia gazeta e não cumpria as suas obrigações. Ficava mudo e apenas os ponteiros indicavam as horas, o que era pouco.
Admirado pelos esposendenses, incomodava-se com tantas arrelias pois, os seus utentes, não mereciam tanta falta de assiduidade pela electricidade. Resolveu, então, pedir a reforma e deixou de trabalhar, definitivamente…!
Ao cabo de tantos anos, reconhece que entrou em agonia lenta e já nada o salva, esperando retirar-se para local pacato e aconchegado, onde venha a ter uma boa morte. E conseguiu.
Entretanto, o colega municipal, apesar de ter conhecido muitos presidentes, ninguém lhe valeu; os padecimentos foram muitos e os enganos das horas muitas mais desilusões. Por isso de tantas arrelias, morre de desgosto por tanto abandono dos Homens da época… Nada o consola… Mas, consta, o que lhe vale é o cata-vento, o seu passatempo favorito, com as sucessivas mudanças de norte e de cor!? Para isso, trabalha noite e dia sem cessar, para acertar o passo de muita gente. Será assim?
Artur L. Costa

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