CRÓNICAS DE ANTIGAMENTE
BARCO DE RECREIO DESLIZA NAS RUAS

No dia 29 de Maio, quando das celebrações do Centenário de nascimento do Professor Doutor Manuel Gonçalves Pereira de Barros, alguém se recordou da embarcação de recreio que deslizou pelas ruas de Esposende até chegar ao local, onde deveria ser posto a flutuar nas águas do Cávado.
Feitas as pesquisas no velho “Jornal de Esposende,” de que fomos um dos fundadores, encontramos esse interessante apontamento, que diz:
“Todo o mundo apreciou, no passado dia 22 de Agosto de 1989, um caso inédito em Esposende: um barco de recreio, de 15 metros de cumprimento, a deslizar pelas ruas até chegar à rampa do estaleiro velho.”
“Saído da doca seca do Largo Marquês de Pombal, onde se localiza a oficina de António Isolino (especializado na construção de barcos de recreio), o “Condessa” é rebocado por bulldozer” potente, passa pela rua Barão de Esposende, faz a curva para leste, junto ao antigo Teatro Clube, entra pela rua Rodrigues de Faria, vira para bombordo no cruzamento da Marginal e ruma a sul até à rampa do estaleiro velho. Aí, o rebocador” bulldozer”, muda de posição e empurra o “condessa” pela proa até flutuar nas águas do Cávado.
A operação, complexa e difícil, não se podia evitar. Por isso, ”é que, depois de profundas reparações a que foi submetido na oficina “dito António Isolino”, tinha de voltar a navegar, que apesar do seu cumprimento e tonelagem, veio a ser colocado sobre pranchas e rebocado pelo “bulldozer”, deslizando cuidadosamente pela calçada das ruas até encontrar, de novo, as águas.”
O texto não tem assinatura, presumindo-se, pelo esmero da linguagem aplicada seria de “entendido” nas artes de marinhar. Escusado será dizer, foi um alarido, uma festa, trazendo imensa gente à Ribeira Cávado, porque o “espectáculo” era digno de ser visto. Imagine-se, na sondagem desta árvore plantada no meio da rua, quando a embarcação iria em direcção ao cais velho. Que trapalhada…

(Coordenação de Artur L. Costa, Esposende)